29/02/2024
Miguel Oliveira tem 54 anos, é natural de Lisboa, mas vive perto de Palmela, onde nos encontramos com ele. Conduz com a Bolt há 2 anos, e é surdo desde criança. Apesar de a terapia da fala o ter ajudado desde cedo a compreender e comunicar com as outras pessoas, é essencial conseguir ler os lábios das pessoas para as entender, o que pode ser desafiante durante as viagens. Considera que cada pessoa tem uma forma única de pronunciar as palavras, “como se fosse uma impressão digital”.
Apesar de não parecer uma opção de carreira imediata pela sua condição, o percurso como motorista TVDE começou quando se viu desempregado, depois de alguns anos a trabalhar em distribuição e logística. Seguiu o conselho de um grande amigo e já leva quase dois anos a conduzir com a Bolt.
Miguel tem um bom sentido de orientação e adaptação, que foi apurando como instinto de defesa. É por isso que conhece bem as ruas de Lisboa e da AML. Uma vez que sempre gostou de conduzir (aprendeu muito cedo, assim que conseguiu chegar aos pedais), valoriza a possibilidade de se manter ocupado com uma profissão que lhe permite observar o comportamento das pessoas, a forma como se relacionam com o espaço e a arquitetura e configuração das cidades.
O facto de ser surdo já o fez passar por momentos desagradáveis, motivados por mal-entendidos, mas, de um modo geral, é uma pessoa contemplativa, um “estudioso da natureza humana”, e aprecia todos os contactos sociais positivos com os passageiros. Além disso, também gosta de “andar de um lado para o outro” com o carro.
Por oferecer mais vantagens, a Bolt é a sua plataforma TVDE favorita, e aponta os bónus como exemplo. Regra geral, começa a conduzir entre as 10:00 e as 12:00, depois de adiantar algumas tarefas e compromissos familiares. Liga a app quando sai de casa e tenta adaptar as viagens e os trajetos a uma expectativa de rentabilidade. Dá preferência ao local de residência, mas, quando vê que o movimento é escasso, desloca-se para a margem norte do Tejo.
As avaliações dos passageiros não deixam margem para dúvida. Conduzir e transportar pessoas dá-lhe gosto e quem com ele viaja percebe isso facilmente. Admite que o espelho retrovisor é seu amigo na hora de entender as pessoas. A experiência permite-lhe estar atento aos clientes e ao caminho ao mesmo tempo. Apesar da surdez, sente-se à vontade a conduzir e admite que esta limitação não é um problema para a profissão.
Para Miguel, prestar um bom serviço é essencial. Crê que os motoristas devem privilegiar a gentileza e a simpatia para com os passageiros, bem como a segurança e a limpeza do carro. Recomenda aspirar os tapetes e o carro com frequência, limpar os tabliers e desinfetar as portas e os bancos. Pessoalmente, também se assegura de que o carro tem combustível suficiente para o dia.
Os gestores de frota para quem trabalha têm um peso relevante. Atualmente, está satisfeito com as condições oferecidas pelo seu, que esporadicamente lhe entrega um carro novo, pelo que é raro ter de lidar com avarias ou passar muito tempo parado por causa de imprevistos idênticos. Também por isso, a manutenção e a assistência são pontuais, motivos pelos quais deixa elogios ao seu atual empregador.
Nos tempos livres, Miguel tem vários passatempos. A corrida (participa em ultramaratonas de montanha), o BTT e os desportos de combate (praticou durante 25 anos e foi vice-campeão regional e nacional em kickboxing na categoria light kick), fazem dele um atleta eclético.
Contudo, não descuida o intelecto e dedica-se também à escrita, ao modelismo e à leitura. Gosta de ler literatura clássica, contemporânea, livros de espionagem e de história. Deixa “A Leste do Paraíso”, de John Steinbeck, ou o intemporal D. Quixote, de Miguel Cervantes, como recomendações.
Conduza com a Bolt
Se está à procura de uma boa forma de ganhar mais algum dinheiro ao final do mês, junte-se ao Miguel e registe-se numa frota parceira da Bolt.
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